Foto: Goreti Ferreira |
Será amanhã ou depois.
Mas continuo a querer que tivesse sido já ontem.
- Então e.. vais?
O cabelo revolto, o olhar lançado em desafio, a voz sumida. O cheiro dos beijos ainda se sentiria se outro beijo viesse. O suor entretanto seco ainda lhe repousava na pele pronto a misturar-se com gotas novas, esmagadas contra os lençóis desalinhados. Os olhos fechados ainda lhe devolviam realidade, desde que não respirasse.
- Então e… ficas?
A camisa era menos macia do que a pele dela, principalmente quando acordava desejo logo pela manhã. A noite e o sono percorriam-na como as mãos de uma massagista e a pela ficava adocicada e suave. Um beijo no pescoço para a acordar e tinha mel na boca e nas mãos, antes de os corpos se desfazerem em paixão. Vestido dela voltava tantas vezes a adormecer, no seu abraço flexível e frágil.
- Sim.
- Sim…
E o oceano passou a chamar-se saudade, rasgada pelo avião que o galgou. E todas as portas e janelas de cada casa passaram a ter exactamente a mesma vista daquele quarto de hotel em que as manhãs nunca terminaram nem mesmo depois de o Sol se pôr.
Será a ausência de um adeus um tácito «até breve»?
Será amanhã ou depois.
Hoje sei que não foi..
Mas continuo a querer que volte a ser ontem.
Um comentário:
Conheço a sensação...
Beijos.
Postar um comentário