A madrugada chegou mais cedo
P’ra me contar muito em segredo
Que o Mar já não sabe cantar
E as ondas o não querem tocar.
Bateu-me à porta, esbaforida
Toda rasgada, noite em ferida
Temendo o Sol e a queimadura
Da sua raiva vestida amargura.
Madrugada de paixão
Guardas-me o perdão
Que tanto nego, noite fora
Como se ontem fosse agora
Madrugada de ilusão
Esconde-me na escuridão
Dos meus olhos, que me fitam
Dos meus medos, que me gritam
Arrasto gasto no chão
Este resto de perdão
Que piso e deixo ficar
A noite toda a chorar
A madrugada não quis entrar
Que tinha que ir, sem demorar
Deixou em lágrimas o seu recado
De dor e saudade de um passado
Em que rios corriam nos leitos
Rasgados bem fundo nos peitos
Forrados de paz, de ternura
Rocha de amor, pedra mais dura
Madrugada de tormento
Guardas-me o sofrimento
Que tanto nego, noite fora
Como se ontem fosse agora
Madrugada de lamento
Esconde-me por um momento
Dos meus olhos, que me fitam
Dos meus medos, que me gritam
Arrasto gasto no chão
Este resto de perdão
Que piso e deixo ficar
A noite toda a chorar
A madrugada, deixei-a ir
Que tinha mesmo que partir
Roubou-me as mágoas da vida
Levou-as em viagem só de ida
De recibo deixou o sorriso
No perdão que tanto preciso
E um recado vestido de calma
Escrito sem tinta, na minha alma
Madrugada de esperança
Guardas-me ainda criança
No meu escuro, noite fora
Como se ontem fosse agora
Madrugada carregada
Levas-me a mágoa, pesada
Dos meus olhos, que te fitam
Dos meus medos, que te gritam
Arrasto grata cada dia
Este resto de magia
Que sinto e deixo ficar
A noite toda a cantar
12 comentários:
Apenas um beijo me deixou à chegada
Sem que eu quisesse acordar
Foi assim que em verso a madrugada
Me fez de novo chorar
O teu nome, eterna pele sempre presente
Tudo deseja, perdoa e sente
Uns dias, a noite que se demora
Outros, quem sabe, um Sol pela alma fora
Sei-te na saudade que o tempo não mata
No perfume que o vento não desfaz
E sempre que a madrugada me prende e desata
Lá sou eu vagabundo da guerra e da paz
Por isso poeta é talvez a minha canção
No calor e na dor da inquietação
Que vai e vem sem deixar pegadas
A não ser no acordar das madrugadas...
"Madrugar" é sempre uma respiração. Hoje ousei respirar da tua. Beijo.
Outra a que só falta a música...
:)
Beijo.
Quando a noite se torna mais escura
como tela sombria a negro impressa
venha o sonho que vier tem mais altura
a sombra em que ás vezes se tropeça...
Ficarei com a minha luz... afastando as sombras, para que possas sonhar!!!
Bj`ss
AL
"É tempo de ser agora", reclamava-se música? Pois já fiz e um dia mostro-ta para ver se gostas. Esta... quem sabe...
Pedro!
A sério?!...
Fico feliz só de saber que a fizeste... Uma honra!
Obrigada.
Agora... É TEMPO DE MA MOSTRARES!
Que fiquei muito curiosa também!
Esta...
Olha, esta fica de DESAFIO! ATREVES-TE?....
Obrigada pela surpresa. Fica um beijinho amigo e enternecido.
MARIA: o teu comentário foi... premonitório!
Obrigada!
Beijinhos
PS: Pedro... para além da música (que curiosidade agora!!!!), o poema... lindo.
Não to agradeci.
Agradeço agora.
Beijinho
AS: obrigada. Obrigada pela presença e pela tua luz nas minhas madrugadas.
Um grande beijinho
A madrugada agradece este teu excelente poema.
A madrugada não fala?
Fala sim senhor, mas apenas com os poetas grandes como tu.
Beijos, querida amiga.
Que saudades de ler o que escreves.
Lindo!
Voltarei quando conseguir saborear mais demoradamente, pois vejo que há aqui mais escrita poética a "escapar-me".
Beijos.
NILSON: obrigada pelas palavras, sempre amigas, pelo incentivo, sempre saboroso. Mas... poeta?!!! És tu, amigo.
Eu tenho um vício das palavras e MUITO a aprender.
Beijinhos
Filoxera: obrigada!
Um grande beijinho que vai cheio de amiração - pelo que leio (menos que gostaria, malvado tempo que nunca chega!) no teu blog.
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