Adopta-me. Faz-me tua.
Abre o meu livro e escreve.
Na primeira página.
Com tinta permanente.
Não, a lápis não. (Mais não…)
E na primeira página.
Está borrada, apagada.
Amachucada. E rasgada.
Mas só nas pontas.
Branco sujo, sempre vazia.
Escreve-me no livro.
A teu bel-prazer.
Cria-me. Desde sempre.
Cria-me. Para sempre.
Escolhe-me um nome.
E acrescenta-lhe o teu.
Com rodapés, não te esqueças!
Aí quero memórias. Escritas.
Podes inventá-las.
No fim dos capítulos
-Sabes desenhar? –
Fotografias. Minhas.
Que não tiraste. Que importa?
Primeiro banho, primeiro som…
O sorriso e os aniversários…
Põe-nas lá. Desenhadas.
Ensina-me a ler. E a ver.
Daqui a algum tempo
-Quando souber ler –
Vou-nos aprender.
Vou-me conhecer.
Ver as fotos de imaginação
Com olhos de recordação.
Virá um tempo - um dia -
De liberdade da memória,
Partilha-me. Tesouro.
Estarei nas listas de Natal.
Nas agendas o meu aniversário.
Coloca um prato mais na mesa
Para a noite da Consoada.
Faz-me família:
Cola o teu sangue ao meu.
No tempo sem memória – ele virá!
Dona de mim, plena de ti
A folha em branco estará lá:
Letra bonita, tinta indelével.
Primeiro passo da caminhada.
Adopta-me. Por onde andas?
Porque demoras?...
2 comentários:
Aparentemente, é a criança que há em ti que escreve este magnífico poema.
Se ainda fosses pequenina talvez te adoptasse mesmo.
Beijos.
NILSON:
Obrigada!!!!
PS: podes adoptar a criança pequenina que trago sempre comigo... Que quero levar pela mão até ao meu fim.
Beijo amigo!
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