Se a distância fosse minha, oferecia-ta. Para a encurtares. Para a destruíres. Se o tempo fosse meu, emprestava-to. Para o gastares. Para o cansares, para o estilhaçares em fragmentos tão pequenos que não servissem para nada. Para o fazeres nada. Para sermos tudo fora de tempo. Ainda a tempo de sermos mais. Sempre a tempo de sermos Nós.
Um Nós generoso, que se divide mas não se separa, ligado que está para além do tempo, para lá da distância. Num vazio de fim porque todos os dias são recomeço. Porque todas as noites são amnésia e todos os despertares são felicidade. Nossa. Perdida na sombra das sombras. Esquecida no eco do eco. Presente no reverso da vida. Sempre reflectida no sorriso que brilha em cada sorriso.
Tu és Sol e eu sou Lua. De mãos dadas mantemos unido um Firmamento, para além dos mundos que nos separam. Sempre que as sombras crescem e a tristeza escorrega nelas em direcção a nós. Sempre que a inveja floresce e a maldade se disfarça de cores garridas num hino à hipocrisia. Sempre que o silêncio se instala como única resposta à injustiça, num cadeirão amplo, tapeçaria de alfinetes afiados. Sempre que as lágrimas contam histórias de amargura no reflexo que deixam cair logo depois de se formarem nos olhos da infelicidade.
Segura-me a mão. Com força. Que se não solte o firmamento. Com a outra… ajuda-me! A resgatar cada estrela perdida, vagueando à deriva na distância que não podes destruir nem encurtar, no tempo que não podes estilhaçar em pedaços de nada.
Porque não são meus, para te oferecer. E assim nos condeno à eternidade.
EUA 22 Maio 2010
4 comentários:
G
Debaixo deste firmamento qualquer estrela resplandece...acende luares e desvenda mistérios da noite...até ser dia
Aromas de
PÉTALA
qualquer coisa sem palavras para te dizer da beleza que me ficou aqui!
beijos
Heduardo
PÉTALA:
E qualquer pétala se faz estrela...
Beijinho!
Heduardo:
Deixa-a ficar. Volta de vez emquando para a relembrar....
Beijinho
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