05 maio 2010

VAZIO



Procuro-te
Dou voltas e voltas, contorço-me
Busco-te
Louca já de procura em mim
Onde estás?
Que me viro e reviro do avesso
Onde te guardo?
Em todos os poros da minha pele
Onde te tenho?
Se fecho os olhos e te vejo
Mas o espelho mais não devolve
Do que o reflexo de um beijo
A luz deste desejo que me revolve?
Onde me tens?
Na minha pele cabemos dois
Onde me guardas?
São em coro os suspiros da alma
Onde estou?
Perdida em ti feita nó em nós
Busca-me
Que em ti não me encontro
Procura-me.
Para nos encontrares no tempo sem fim
Sem ti caminho sozinha nos abismos da vida
Sem ti não há arame nem cordas
Sem ti há a queda de braços abertos
VOLUNTÁRIA.
No VAZIO


05 MAIO 2010

10 comentários:

Maria disse...

É preciso aprender
a viver
sem...
Perdemo-nos
a pensar
como o fazer
Mas
é possível.
Embora doa...

Beijo.

António MR Martins disse...

Um arrebatador poema onde as palavras assumem o caminho da busca e da eloquência pelo o sentido amor e sobre a efectiva falta que ele representa. Uma busca continua, um grito de emoção numa magnífica demonstração.
Gostei imenso.
Beijinho
António MR Martins

M(im) disse...

Maria:
É preciso. Mas a queda no (nosso abismo) às vezes é inevitada. Porque inevitável.
Felizmente o abismo é generoso, às vezes.
E oferece-nos metamorfoses do Nós.
É preciso aprender a aceitá-las. Também.

Beijo
Da superfície de um novo abismo

M(im) disse...

António:
É um grito, de ida e volta aos meus abismos, aos meus vazios, ao reverso da necessidade de viver o Amor.
Ainda bem que gostaste.
Obrigada pelas palavras. Encorajadoras.
Beijo
Do topo de um sorriso novo!

Pedro Branco disse...

Se os meus silêncios fossem uma canção
Cada verso de amor seria tanto cantar
Que do meu peito jorram os bombos do coração
Com que os meus olhos se perdem para se encontrar

Se os meus vazios fossem apenas dança
Cada passo solto seria uma lágrima mais
Que da minha pele rasgo os minutos da esperança
Com que respiro sempre que não te vais

Se os meus gritos fossem tempestade
Cada chaga seria um outro amanhecer
Que do vagabundo sei apenas que transpira saudade
Com que sempre se vai deixando morrer

Se eu fosse um nada que se fizesse à corrente
Cada dor seguinte seria um hino ao amor
Que se eu fosse do que sou só um pouquinho diferente
Acabaria por ficar mesmo quando me for


Mais uma vez me deslumbro nesta poesia vagabunda, que me transporta sempre. Bem-hajas!

M(im) disse...

Pedro:
Sempre me me dás a honra de palavras tuas, as minhas emudecem. Perdem-se a ouvir as tuas. Na mais profunda admiração!
Obrigada.

A.S. disse...

G...

Que o sol volte depressa
e de novo resplandeça.
Que no teu rosto dissipe esse véu
e retorne a luz, serena e nua
ao teu rosto astral da cor da lua
e aos olhos astrais da cor do céu...

Um beijo!
AL

M(im) disse...

A.S:
Obrigada.
O véu costuma andar-me no avesso.
De vez em quando uma rajada de vento emocional fá-lo ondular na janela do meu olhar.
Mas não há vento todos os dias...
Felizmente!

Beijo astral, do alto de um astro bom

mariam [Maria Martins] disse...

G...

leio-te num trago, fica ofegante a alma. É LINDO!

beijinho
mariam

M(im) disse...

Mariam:
Merci!
Beijinho amiga!