18 setembro 2010

QUEBRADA


Quebrada, recolho-me do teu olhar.
Caco após caco, arestas afiadas
Nos teus olhos me procuro
No reflexo tão menos cruel
Que o do meu próprio espelho
Quebrada, espalhada em ti
Devolves-me aos pedacinhos
Dedos cortados, em sangue
Sangria desmedida de amor
Gotas pingadas, rasto de dor
Quebrada, toda aos pedaços
Monto-me do chão em ferida
Ergo-me na memória de mim
Consolido-me em força oca
E por fora, pareço inteira.
Não me olhes
Não me toques
Não respires sequer:
Que me desfaço se vir o teu rosto
Que me rompo se sentir a tua mão
Que desapareço na tua respiração
Que o amor não se afoga no tempo

Um comentário:

Maria disse...

O amor sempre foi um resistente, a tudo. Sobretudo ao Tempo!

Beijo.