29 dezembro 2010

MULTIDÃO



Desata-me o vestido nos ombros
(tem dois laços de fita de seda)
E abraça-me.
Não estranhes se o corpo devolvido
For apenas o teu
Que me desfaço – nua – em teus braços,
Volatizo-me, plena,
Ergo-me bruma de mim,
Gasosa, leve, etérea
Só com a ideia de te saber perto.
Guarda os braços no gesto
E espera que a felicidade me resgate,
Que o desejo me aglutine na atmosfera
E me devolva o corpo fugido atrás da alma.
Guarda-te no sentimento e espera.
Para além da dormência, do cansaço.
Ignora o desconforto da posição:
Fecha os olhos!
Sentes?
É a minha boca na tua
E a pele quente que sua
Enrolada nesse abraço
Que o tempo não desfez.
Depois da paixão que deixamos
(transpirada)
(desvairada)
(nunca saciada)
No meu vestido de alças de cetim,
(lençol improvisado de hoje
E resto de nós em cada chão)
Pego-te na mão:
Quero levar-te comigo
Para o meio da multidão.

2 comentários:

Mar Arável disse...

Quem escreve assim

ama perdidamente

de corpo inteiro

Belo

Nilson Barcelli disse...

Fabuloso poema.
A tua criatividade poética é notável (mas só quando queres...).
Querida amiga G., desejo-te um excelente 2011.
Beijos.