27 março 2011

NO FUNDO DA RUA


No fundo da rua deixei-me
Fiquei só eu, lá atrás
Todos continuaram
Seguiram, avançaram
Serenos e em paz
E no fundo da rua sentei-me
No chão escuro, frio
Todos marcharam
E foram, prosseguiram
Sem olhar o vazio
E eu sentada lembrei-me
Do tempo que já foi
Quando os olhos se abrem
E olham e percebem
Mesmo aquilo que dói
E eu sentada preparei-me
Para saudar a solidão
Os outros não ficam
E seguem, abdicam
Até de saber onde vão
No fundo da rua estou eu
Sentada no frio do chão
Seguindo um rumo só meu
Perdida no meio da multidão

4 comentários:

Virgínia do Carmo disse...

O tempo dos outros nem sempre é o nosso tempo. E as paragens são de cada um.

Gostei imenso.

Um abraço

Mar Arável disse...

Por vezes sós

mas nunca isolados

Nilson Barcelli disse...

Foge dessa solidão... e isso é possível, mesmo sem multidão...
Belo poema, mas tristinho... gostei, apesar disso.
Querida amiga G., bom fim de semana.
Beijos.

Filoxera disse...

Acreditas que tinha entrado aqui e visto este post, nas primeiras linhas, pensando que era o anterior? Andas numa "onda" assim, e os teus esrcitos acabm por se parecer...
Sei. Acredita.
E faz-me lembrar quando eu há dias dizia que zarpava sem carta de marear. A diferança está na atitude. E é sempre difícil...
Beijos.