23 outubro 2010

DIAS



Gosto daqueles dias
Que são dias de qualquer coisa
Que não são simplesmente
Dias de nada
Dias de lavar as cortinas
Dias de cortar a relva
Não são simplesmente
Nadas no dia
Dias de almoçar em família
Dias de ir ao cinema
Qualquer coisa nesses dias
Os liberta do nada
Dias de ir passear,
Dias de ir à praia
Dias com qualquer coisa
De que se goste
Cheios de tão pequenos nadas
Tão mais plenos do que aqueles
Cheios de tanto e de tudo
Que se esvaziam da possibilidade
De se fazer apenas qualquer coisa.

5 comentários:

Maria disse...

São esses os dias com gente dentro.
:))
Beijo, G.

Lídia Borges disse...

O dia dos versos floridos é hoje.

Lindo!

Um beijo

Nilson Barcelli disse...

Há dias para tudo...
Gostei dos teus dias, querida amiga G...
Boa semana, beijos.

Mar Arável disse...

Dias de corpo inteiro

Pedro Branco disse...

No vazio que o tempo coloriu
Escrevendo um jardim de nada
O meu sonho queimou-me e caiu
Sem dono, sem cor e sem morada.

Perdeu-se no caos de uma praia cega
Gritou a dor ao som da morte
Este é o meu tempo que não dorme nem sossega
Como uma flor, que de frágil se faz forte

Assim, um dia serei vento eterno
Cantarei as dores e os sonhos do mundo
Enquanto for meu este inferno
Que faz de mim outra vez vagabundo...
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Não sei o que me deu, do teu dia fazer a minha noite. Mas sou mesmo assim - escrevo-me por entre as palavras dos outros. Não ligues.