25 janeiro 2011

UMA HORA


Ia a passar na rua, distraída, quando encontrei uma hora.


Uma hora perdida.


Já tinha ouvido falar delas, mas nunca tinha encontrado nenhuma.


Fiquei a observá-la.


Parecia tão hora como as demais, embora não parecesse tempo demais.


Aproximei-me devagar.


Perguntei-lhe se por acaso não queria uma ocupação, um destino.


Que não – senão gastava-se.


Em redor todas as horas estavam agrilhoadas ao estereótipo da felicidade.


Com lágrimas nos ponteiros.


Deixei-a.


Intacta.


E só.





6 comentários:

FlorAlpina disse...

Há horas assim...
Eu gostei de passar por aqui nesta hora!

Bjs dos Alpes

OUTONO disse...

Que sorte a tua...há horas perdidas para sempre.

Beijinho

mariam [Maria Martins] disse...

G...
Gostei tanto do teu 'hora'! :)

Hoje, com um bocadinho + de tempo, andei a 'passear p'los amigos'...

É bom 'ler-te'.

Um sorriso :)
mariam

Mar Arável disse...

O tempo sobe ao palco
abre o pano
não existe pano

o tempo passa

Filoxera disse...

Agrilhoadas ao estereótipo da felicidade, com lágrimas nos olhos.
Como tantos, que riem pra não chorarem...
Deixaste-a intacta, pura e feliz.
Fizeste bem.
beijos.

Nilson Barcelli disse...

Fabuloso.
Este é o teu registo natural.
Beijos.