14 julho 2010

PONTO DE INTERROGAÇÃO

O teu mais não te sabe sempre a pouco?

Em cada menos que percorres sem pensar

Não te apercebes no caminho do som

De tanta coisa que deixas cair e ficar?

O teu tanto não encolhe quando chove?

Quando decides estendê-lo ao luar,

Quando te apetece arejá-lo ao Sol,

Não o sentes menos ao regressar?

O teu sempre não tem medo do infinito?

Não o vês afastar-se nas derivas,

Fazer-se estilhaços face aos medos

E deixar-se apertar por entre as dúvidas?

O teu querer não vai ao dicionário?

Não encontra adversário na impossibilidade,

Não descobre o obstáculo nas palavras,

Não se deita no colo da vontade?

Apaga-me o ponto de interrogação…

6 comentários:

Lídia Borges disse...

Há pontos de interrogação assim. Parece que nada lhes pode matar a curiosidade.

Bonito!!!

L.B.

M(im) disse...

Lídia: e não é a dúvida a nossa melhor amiga?
Obrigada pelas palavras. De quem tão bem escreve.
Beijinho

Nilson Barcelli disse...

As tuas interrogações são fantásticas.
Mas temo que qualquer das perguntas possa ter como resposta SIM, NÃO e TALVEZ... tudo depende de um conjunto de coisas, cujos pontos de interrogação também nos assaltam...
Beijos, querida amiga, com ponto de admiração...

M(im) disse...

Nilson: É???
Obrigada, amigo.
Mas temos que nos interrogar. Para evoluir!
Apesar do sim, não ou talves.
Não achas?

Pedro Branco disse...

Nem um segundo o tempo me devolveu
Levou-me todas as letras que inventei um dia
Carregou-se de memórias em tarde fria
Comeu-me as linhas da minha agonia
Silenciou-me o peso que ainda é meu...

Nem um tempo, por segundos, voltou atrás
E continuo neste rio infinito
Entre o esquecimento e o grito
Qualquer coisa de cantar aflito
E não sei viver. E não sou capaz...

Nem nada. Nem hoje, nem amanhã, nem daqui a um mês
Sei que o tempo é um conjunto de segundos amargurado
Uma dose de pele, mais que morto, cansado
Nas résteas do que me sobre do outro lado
Para que uma noite quisesse renascer-te só mais uma vez...


Não sei porquê, mas escolhi o teu canto para a lágrima de hoje.

M(im) disse...

Eu sei porque fico assim, feliz, quando escolhes o meu canto para a tua lágrima.
Porque fazes magia com as palavras. E encantas.
Obrigada.
Porque é sempre. Um alegria que me enriquece o canto.

Beijinho