30 julho 2010

INGENUIDADE


Puxo a pele, puxo os cabelos, puxo a raiva

Que está elástica e gigante e me envolve

Que me queima, que me rasga e revolve

Que nada limpa, nada emenda nem resolve

Puxo as lágrimas que se esticam para ser rio

Ou se espaçam para ser gotas de suor… frio

Puxo-me em vómito de revolta, de desvario

Puxo a raiva, puxo a pele, puxo os cabelos

Que flutuam à superfície da água do poço

Que me afogo e já quase não me ouço

Estranho murmúrio, resto de grito, mortiço

Largado o sonho à mercê da realidade

Que se negou crua, que se quis verdade

Com injustiça se vela, morto, na eternidade

Puxo os cabelos, puxo a raiva, puxo a pele

Mortalha enrugada da falecida ingenuidade….

5 comentários:

PRECIOSA disse...

Amei conhecer seu blog, sou a ,sua mais recente seguidora, estarei a compartilhar contigo poemas que aquecem a alma.
ABRAÇOS CARINHOSO

De-me o prazer de sua visita em meu blog, é simples mas com muito amor;;

M(im) disse...

PRECIOSA: muito obrigada!
Visitarei o seu blog com muito prazer!

Um beijinho

M(im) disse...

PRECIOSA: muito obrigada!
Visitarei o seu blog com muito prazer!

Um beijinho

OUTONO disse...

Puxo a vontade...de continuar nesta leitura...apesar de grito interior..(nada tenho a ver com o mesmo... seguramente) mas sinto-o expressão muito bem "plantada" na tela papel do teu jardim de letras.

M(im) disse...

Outono: a desilusão e a ingenuidade são cimento e tijolos da personalidade. Constrói-se assim. Sobre destroços...
Obrigada amigo
~Beijinho